Maria Iaponísia Fernandes Macedo1
A Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva vem ao encontro do propósito de mudanças no ambiente escolar e nas práticas sociais/institucionais
para promover a participação e aprendizagem dos alunos com surdez na escola
comum.
Segundo Damázio “às
práticas pedagógicas constituem o maior problema na escolarização das pessoas
com surdez.” As escolas que se dizem inclusivas não alteraram suas práticas
pedagógicas, no que se refere às condições de acessibilidade, em especial às
relativas às comunicações. É
imprescindível que se ofereça à pessoa com surdez um ambiente rico em
solicitações, possibilitando sua ação não só física, mas principalmente, sua
ação mental, para que, assim, se reconheça o sujeito com surdez como
participante ativo do processo educativo. Também é necessário que se proporcione
situações constantes e sistemáticas de troca simbólica com o ambiente e, por
fim, que se entenda a linguagem como instrumento efetivo de comunicação e
expressão do pensamento, capaz de desenvolver as estruturas cognitivas mais
complexas.
No momento em que
o professor transformar seu método pedagógico, utilizar teoria e prática,
assumir uma abordagem bilíngue e conduzir um trabalho que desenvolva as potencialidades e habilidades do aluno com
surdez, com certeza a sala de aula comum e o AEE, numa visão
complementar, sustentará a base do fazer pedagógico.
Preleciona
Kozlowski que ”A Proposta Bilíngue não privilegia um língua, mas quer dar
direito e condições ao individuo surdo de poder utilizar duas línguas”; portanto,
não se trata de negação mais de respeito; o indivíduo escolherá a língua que
irá utilizar em cada situação linguística em que se encontrar. Dentro dessa perspectiva bilíngue, o
surdo é visto com um individuo diferente e não deficiente.
O AEE, para pessoas com surdez, em uma perspectiva inclusiva,
é o responsável para construir novas possibilidades, levar o aluno a uma
aprendizagem contextualizada e significativa, valorizar seu potencial e
desenvolver suas habilidades cognitivas, linguísticas e sócio afetivas.
AEE
de Libras: Atua no
ensino da Língua Brasileira de Sinais, propriamente dita
Desenvolve a competência linguística, bem como textual, dos alunos com surdez, para que sejam capazes de escrever em língua portuguesa.
Os processos
perceptivos, linguísticos e cognitivos das pessoas com surdez poderão ser
estimulados e desenvolvidos. À medida que são estimulados adquirem novas informações, a
percepção se altera, do ponto de vista psicológico ou
cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e outros
aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados percebidos.
Desenvolver, nos alunos com surdez, a língua, a linguagem, o pensamento, as
aptidões, os interesses, as habilidades e os talentos humanos, assegura uma
formação ampla, dimensionada e conectada com os tempos atuais.
Segundo Luria, os processos de
desenvolvimento do pensamento e da linguagem incluem o conjunto de interações
entre as pessoas com surdez e o ambiente, podendo os fatores externos afetar
esses processos, positiva ou negativamente. Torna-se, pois, necessário
desenvolver alternativas que possibilitem às pessoas com surdez, meios de
comunicação que as habilitem a desenvolver o seu potencial linguístico.
A escola constitui-se em um espaço
privilegiado onde se pode inserir as pessoas com surdez, para aquisição e
desenvolvimento da modalidade de língua portuguesa escrita em suas várias
formas e adequação do uso. Destarte, é necessário, ampliar possibilidades, para
a melhoria das nossas escolas, para que
se tornem qualificadas e ofereçam um ensino verdadeiramente inclusivo para
todos os alunos, conforme suas diferenças.
1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Regional do Cariri. Especialista em Educação Especial e Psicomotricidade. Professora da Educação Infantil na rede municipal de Fortaleza/CE.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo e FERREIRA, Josimário de Paulo
–Educação Escolar de Pessoa com Surdez- Atendimento Educacional Especializado
em Construção, texto publicado na revista Inclusão do
Ministério da Educação, jan/jul 2010
VYGOTSKY, L.S.;LÚRIA,
A.R.; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 9º edição. São
Paulo: Editora Ícone, 2001.
BRASIL. Política
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília:
MEC, 2008
KOZLOWSK, Lorena –A
proposta Bilíngue de Educação do Surdo