domingo, 9 de março de 2014

ATENDER A DIVERSIDADE NAS ESCOLAS COMUNS É O GRANDE DESAFIO

                                                                           Maria Iaponísia Fernandes Macedo1
Preleciona o texto “Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento Educacional Especializado em Construção”2 que diversas questões são constantemente discutidas em torno da educação escolar para pessoas com surdez. É um desafio, a proposta de educação escolar inclusiva que para ser respeitada, necessário se faz questionar que os alunos com surdez possuam direito de acesso ao conhecimento, à acessibilidade, assim como ao Atendimento Educacional Especializado (AEE).
 A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva  da Educação  Inclusiva vem ao encontro do propósito de mudanças no ambiente escolar e nas práticas sociais/institucionais para promover a participação e aprendizagem dos alunos com surdez na escola comum. 
Segundo Damázio “às práticas pedagógicas constituem o maior problema na escolarização das pessoas com surdez.” As escolas que se dizem inclusivas não alteraram suas práticas pedagógicas, no que se refere às condições de acessibilidade, em especial às relativas às comunicações. É imprescindível que se ofereça à pessoa com surdez um ambiente rico em solicitações, possibilitando sua ação não só física, mas principalmente, sua ação mental, para que, assim, se reconheça o sujeito com surdez como participante ativo do processo educativo. Também é necessário que se proporcione situações constantes e sistemáticas de troca simbólica com o ambiente e, por fim, que se entenda a linguagem como instrumento efetivo de comunicação e expressão do pensamento, capaz de desenvolver as estruturas cognitivas mais complexas.
No momento em que o professor transformar seu método pedagógico, utilizar teoria e prática, assumir uma abordagem bilíngue e conduzir um trabalho  que desenvolva as potencialidades e habilidades do aluno com surdez, com certeza a sala de aula comum e o AEE, numa visão complementar, sustentará a base do fazer pedagógico.
                        Preleciona Kozlowski que ”A Proposta Bilíngue não privilegia um língua, mas quer dar direito e condições ao individuo surdo de poder utilizar duas línguas”; portanto, não se trata de negação mais de respeito; o indivíduo escolherá a língua que irá utilizar em cada situação linguística em que se encontrar. Dentro dessa perspectiva bilíngue, o surdo é visto com um individuo diferente e não deficiente.
O AEE, para pessoas com surdez, em uma perspectiva inclusiva, é o responsável para construir novas possibilidades, levar o aluno a uma aprendizagem contextualizada e significativa, valorizar seu potencial e desenvolver suas habilidades cognitivas, linguísticas e sócio afetivas.
    Para que a aprendizagem aconteça, segundo Damázio, o AEE envolve três momentos didático-pedagógico
AEE em Libras: Fornece a base conceitual dos conteúdos                         curriculares desenvolvidos na sala de aula na Língua Brasileira de Sinais.
                   
AEE de Libras: Atua no ensino da Língua Brasileira de Sinais, propriamente dita
                
AEE de Língua Portuguesa: 
Desenvolve a competência linguística, bem como textual, dos alunos com surdez, para que sejam capazes de escrever em língua portuguesa.

Os processos perceptivos, linguísticos e cognitivos das pessoas com surdez poderão ser estimulados e desenvolvidos.  À medida que são estimulados adquirem novas informações, a percepção se altera, do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados percebidos. Desenvolver, nos alunos com surdez, a língua, a linguagem, o pensamento, as aptidões, os interesses, as habilidades e os talentos humanos, assegura uma formação ampla, dimensionada e conectada com os tempos atuais.

Segundo Luria, os processos de desenvolvimento do pensamento e da linguagem incluem o conjunto de interações entre as pessoas com surdez e o ambiente, podendo os fatores externos afetar esses processos, positiva ou negativamente. Torna-se, pois, necessário desenvolver alternativas que possibilitem às pessoas com surdez, meios de comunicação que as habilitem a desenvolver o seu potencial linguístico.
 A escola constitui-se em um espaço privilegiado onde se pode inserir as pessoas com surdez, para aquisição e desenvolvimento da modalidade de língua portuguesa escrita em suas várias formas e adequação do uso. Destarte, é necessário, ampliar possibilidades, para a melhoria das nossas escolas, para que se tornem qualificadas e ofereçam um ensino verdadeiramente inclusivo para todos os alunos, conforme suas diferenças.

1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Regional do Cariri. Especialista em Educação Especial e Psicomotricidade. Professora da Educação Infantil na rede municipal de Fortaleza/CE.
2. Texto de Mirlene Ferreira Macedo Damázio e Josimário de Paulo Ferreira
                                                                                                               
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo e FERREIRA, Josimário de Paulo –Educação Escolar de Pessoa com Surdez- Atendimento Educacional Especializado em Construção, texto publicado na revista Inclusão do Ministério da Educação, jan/jul 2010
VYGOTSKY, L.S.;LÚRIA, A.R.; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 9º edição. São Paulo: Editora Ícone, 2001.
BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC, 2008

KOZLOWSK, Lorena –A proposta Bilíngue de Educação do Surdo