sábado, 19 de abril de 2014

DIFERENÇA ENTRE SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E SEMELHANÇAS NAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO

INFORMATIVO DIFERENÇA ENTRE SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA E SEMELHANÇAS NAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO A SURDOCEGUEIRA é uma deficiência singular que apresenta perdas auditivas e visuais concomitantemente em diferentes graus, levando a pessoa surdocega a desenvolver várias formas de comunicação para entender e interagir com as pessoas e o meio ambiente, proporcionando-lhe o acesso as informações, uma vida social com qualidade, orientações, mobilidade, educação e trabalho (MAIA, et al, 2008) “Uma pessoa que tenha deficiências visuais e auditivas de um grau de tal importância, que esta dupla perda sensorial cause problemas de aprendizagem, de conduta e afete suas possibilidades de trabalho, é denominada surdocega”. OLSON, Stig, Surdocegueira. A surdocegueira pode ser congênita ou adquirida e não é deficiência múltipla. Segundo as leituras (Coletânea Surdocegueira e Deficiência Múltipla), as pessoas surdocegas estão divididas em quatro categorias: pessoas que eram cegas e se tornaram surdas; que eram surdos e se tornaram cegos; pessoas que se tornaram surdocegos; pessoas que nasceram surdocegos, ou se tornaram surdocegos antes de terem aprendido alguma linguagem. DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA – a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (intelectual / visual / auditiva / física), com comprometimentos que acarretam consequências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa. Segundo Orelove e Sobsey (2000) as pessoas com deficiência múltipla são indivíduos com comprometimentos acentuados no domínio cognitivo, associados a comprometimentos no domínio motor ou no domínio sensorial ( visão ou audição) e que requerem apoio permanente, podendo ainda necessitar de cuidados de saúde específicos. As pessoas com deficiência múltipla apresentam características específicas, individuais, singulares não apresentam necessariamente os mesmos tipos de deficiência, podem apresentar cegueira e deficiência mental; deficiência auditiva e deficiência mental; deficiência auditiva e autismo e outros. AS NECESSIDADES BÁSICAS DA SURDOCEGUEIRA E DA DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA As pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla, que não apresenta graves problemas motores, precisam aprender a usar as duas mãos. Isso para servir como tentativa de minorar as eventuais estereotipias motoras e pela necessidade do uso de ambas para o desenvolvimento de um sistema estruturado de comunicação. Devido às dificuldades fonoarticulatórias, motoras ou mesmo neurológicas, é comum nessas pessoas algum tipo de limitação na comunicação e no processamento e elaboração das informações recolhidas do seu entorno. Isso pode resultar em prejuízos no processo de simbolização das experiências vividas, por acarretar carência de sentido para as mesmas. Prioritariamente deve-se, portanto, disponibilizar recursos para favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico, tanto verbal quanto em outros registros, como o gestual, por exemplo. Muitas pessoas com deficiência múltipla ou com surdocegueira podem aprender a se comunicar por meio de gestos, mas podem ter dificuldade para conseguir uma comunicação usando símbolos abstratos tais como: palavras faladas ou língua de sinais (Rowland e Schweigert, 1989; Rowland & Stremel-Campbell, 1987). ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PARA AQUISIÇÃO DE COMUNICAÇÃO Os alunos precisam usar uma variedade de formas e funções em diferentes ambientes para adquirir habilidades comunicativas necessárias para sobreviver no mundo real. Dentre as estratégias para criar, facilitar e incrementar a comunicação não simbólica se deve levar em conta: • Interesses Individuais: Deve-se permitir à criança escolher tantas vezes como lhe seja possível, a imitação de ações específicas dentro de um contexto determinado; esta conduta pode ser considerada como um sinal. • Compensar a perda dos sentidos à distância: Estabelecer estratégias com posições que impliquem o contato corporal com os pares comunicativos, assim como, a manipulação do ambiente com pequenos movimentos, o que implica ajudar a criança no reconhecimento de pessoas familiares através da exploração tátil e visual. • Responder às tentativas de comunicação: Prestar atenção às condutas estereotipadas. Estas tentativas, se canalizadas, podem chegar a se transformar em formas de comunicação não verbal intencional. • Consistência: Uma vez que tenham sido estabelecidas as rotinas, uma interrupção na sua sequência pode favorecer a interação comunicativa. • Proporcionando contingências: A contingência no conhecimento ou consciência de que uma ação é importante para dar ênfase às relações entre os comportamentos e seus efeitos. Criando a necessidade de se comunicar: Criar situações onde a criança tenha que interagir para poder participar e obter a atividade desejada. • Introduzindo um tempo de espera nas respostas: Estabelecer um tempo maior para as respostas. • Estabelecer uma vizinhança cooperativa social: Devem ser criadas situações que envolvam duas ou mais pessoas que implique uma participação recíproca ou onde seja necessário cumprir turnos e mantê-los; também deverão ser estabelecidos turnos com rotinas diárias, assim como, ter a oportunidade de interagir com crianças menos limitadas ou que não tenham limitações. • Incrementar as expectativas comunicacionais: Incrementar a comunicação não simbólica a partir de uma variedade de situações diárias aumenta a complexidade e diversidade da interação comunicacional. A comunicação simbólica nem sempre tem que ser a meta. Muitas crianças surdocegos permanecem neste nível comunicativo porque existe algum problema neurológico. Intensificar e especializar as habilidades de comunicação não simbólica são esforços que tendem a obter maior controle sobre o seu meio. Uma estratégia pode ser usar frequentemente gestos naturais nas interações com crianças que não usem sinais, dando maior ênfase às respostas através de diferentes ações, gestos, sinais e vocalizações para criar uma maior comunicação intencional. Comunicação expressiva pode ser realizada através do uso de objetos, gestos, movimentos corporais, linguagem falada ou escrita, figuras, e muitas outras variações. A comunicação não simbólica pode ser utilizada em conjunto com formas simbólicas ou podem ser usadas isoladamente. Na Comunicação Perceptiva utilizar os símbolos tangíveis antes do surgimento das habilidades de comunicação pré-simbólica intencional. Usando símbolos tangíveis aumenta receptivamente a probabilidade de que a comunicação para o indivíduo com deficiência múltipla ou surdocegueira será entendida. Também ajuda a reforçar a associação entre símbolos e referências de tal forma que quando o indivíduo estiver pronto para usa-los expressivamente, a correspondência já foi estabelecida. É necessário organizar o mundo da pessoa com surdocegueira e deficiência múltipla por meio do estabelecimento de rotinas claras e uma comunicação adequada. É preciso desenvolver atividades funcionais de maneira multissensorial para garantir aproveitamento de todos os sentidos e que sejam atividades que proporcionem uma aprendizagem significativa com oportunidades de generalizar para outros ambientes e pessoas. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Educação Infantil Estratégia e orientações pedagógicas para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais: Dificuldades Acentuadas de Aprendizagem. Deficiência Múltipla. Brasília: MEC/SEESP,2002. Http://www.ahimsa.org.br/centro_de_recursos/projeto_horizonte/COMUNICAÇÃO_PARA_PESSOAS_SURDOCEGAS.pdf Folheto FACT 3 – COMMUNICATION / Primavera 2005 - Lousiana Department of Education 1.877.453.2721 State Board of Elementary and Secondary Education Tradução: Vula Maria Ikonomidis Revisão: Shirley Rodrigues Maia Junho de 2008.

Um comentário:

  1. Maria, que blog lindo!
    Você relatou muito bem sobre as necessidades básicas da pessoa com surdocegueira e deficiência múltipla como também das estratégias utilizadas para aquisição de comunicação. Parabéns.
    Um abração!

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